segunda-feira, 30 de setembro de 2013

IV Seminário Artefatos da Cultura Negra no Ceará - (2013)

Convite!


O IV Seminário Artefatos da Cultura Negra no Ceará justifica-se pela necessidade de se aprender e ensinar a História da África e dos Afrodescendentes no Brasil em todas as suas dimensões da Educação, tendo como base norteadora as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação e para o Ensino de Historia e Cultura Afrobrasileira e Africana.

As ações propostas tem como relevância a formação de profissionais de Educação, estudantes e demais participantes/pesquisadores acerca dos diversos aspectos da História e da Cultura da População Negra em nível nacional e local evidenciando os aspectos materiais e imateriais.

Axé!
Prof. Dr. Henrique Cunha.

Programação Geral – Fortaleza & Cariri

http://artefatosdaculturanegranoceara.blogspot.com.br/p/programacao-cariri-crato-fortaleza.html




domingo, 29 de setembro de 2013

IJEXÁ - A Música Sacra dos Terreiros

A MÚSICA SACRA DOS TERREIROS - O IJEXÁ

Dizem os mais velhos das casas de candomblé que os atabaques conversam com os homens. Cada toque guarda um determinado discurso, passa determinada mensagem, conta alguma história. O tocador dos tambores rituais precisa conhecer o toque adequado para cada orixá, vodum ou inquice. Se o drama representado pela dança de um orixá se refere ao combate, o toque é um - em geral com características marciais. Se a ideia é contar através da dança sacra uma passagem de paz, o toque é outro. Há toques para expressar conquistas, alegrias, tristezas, cansaço, realeza, harmonia, suavidade, conflitos... Não se deve, sob nenhuma hipótese, bater para um determinado orixá um toque que não se relacione às suas características.

É importante lembrar que um xirê, a festa de candomblé, é o momento em que os orixás baixam nos corpos das iaôs para representar - através da dança, dos trajes e emblemas - passagens de suas trajetórias. Através da representação dramática, a comunidade se recorda do mito e  dele tira um determinado modelo de conduta.  As danças, ao contar histórias protagonizadas pelos orixás, servem de exemplo para os membros do grupo. Ritualiza-se o mito em música e dança, crença e arte, para que ele continue vivo para a comunidade, cumprindo assim sua função modelar.
De todos os toques sacros do candomblé de Ketu, o Ijexá é provavelmente o mais suave. Vale esclarecer, para inicio de conversa, que a palavra Ijexá origina-se do vocábulo Ijèsá, uma subdivisão da etnia iorubá e o nome da cidade nigeriana que é considerada o berço do grupo. Nessa cidade se cultuam sobretudo Oxum e Logun-Edé - e o Ijexá designa o ritmo das danças principais desses orixás. Tocam-se, também, ijexás (ainda que não seja o ritmo predominante) para Exu, Osain, Ogum, Oyá, Obá, Oxalá, Orunmilá ...
O Ijexá é apresentado nos terreiros somente com as mãos, dispensando-se o uso dos aguidavis (as baquetas de percussão). O ritmo é suave e cadenciado, emoldurando a dança dengosa e sensual de Oxum e Logum. O gã (agogô) acompanha sempre os atabaques, marcando o compasso.
De ritmo dos terreiros, o ijexá acabou também chegando ao carnaval, a partir da criação dos afoxés baianos (cortejos carnavalescos de adeptos do candomblé) no final do século XIX. Algumas pessoas e até mesmo alguns livros fazem certa confusão ao citar o afoxé como um ritmo. O afoxé é o cortejo - o ritmo que emoldura o cortejo é o ijexá. A expressão afoxé, inclusive, vem do iorubá àfose (encantação pelo som, pela palavra) . Os cubanos usam a expressão afoché para designar o ato de enfeitiçar alguém com o pó da magia.  Ao toque do Ijexá, os antigos afoxés buscavam encantar os concorrentes, desfilando pelas ruas em formato processional. O afoxé Filhos de Gandhi, fundado por ogãns de candomblé na década de 1940, até hoje se apresenta no carnaval ao som do ijexá - e começa sempre o cortejo tocando para Logun-Edé.

Os que já viram um xirê certamente se recordam das danças de Oxum e seu filho Logun-Edé, simulando o banho vaidoso nas águas dos rios, enquanto se miram no espelho e seduzem a todos de forma faceira e, vez por outra, enganadora. O toque do Ijexá busca descrever, por isso, a cadência sedutora e feiticeira das águas.

O mestre Nei Lopes, referência fundamental para quem se interessar pelas culturas africanas e o Brasil, compôs no início dos anos 80 um ijexá em homenagem a Logun-Edé, magistralmente gravado por Clara Nunes. É um exemplo contundente da importância dos ritmos sacros para a música brasileira. A gravação abaixo, garimpada no youtube, é interessante porque começa com o ijexá tocado nos terreiros e abre para a gravação da guerreira, a grande Clara:


AFOXÉ: CORTEJO - FÚRIA - FESTA 
 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Afro & África: As Imagens que Postam uma História


Afro & África  no Facebook!


Tambores cerimoniais iorubanos - Nigéria 

Os tambores africanos podem ser usados tanto como instrumentos musicais quanto como objetos cerimoniais e no passado como meios de comunicação. Esses instrumentos abrangem desde os simples objetos do cotidiano, peças simples ou ornamentadas que sinalizam o status do proprietário, denotando poder e honrando os antepassados. O Gbedu que significa literalmente "grande tambor" é um instrumento de percussão tradicionalmente usado na música Ioruba cerimonial da Nigéria e do Benin. O Iya Ilu, tambor principal dentro do conjunto dos tambores Gbedu e empregado nos cerimoniais da realeza ou para os adivinhos. O corpo do tambor Iya Ilu tambor é considerado "sujeito do culto" recebendo frequentemente oferendas e sacrifícios. Os tambores cerimoniais dos Iorubas são entalhados com relevos profundos figurativos. O bocal é recoberto por pele de antílope empregando cordas e estacas para a afinação e podendo ser percutidos ora com as mãos ora com varetas.

Tradição – tambor cerimonial

O tambor Gbedu é usado tradicionalmente nas ocasiões oficiais ou durante as cerimônias Ogboni, a antiga sociedade secreta Ioruba. O Ogido/Gbedu é uma das quatro grandes famílias de tambores Iorubas; as outras famílias são Dundun/Gangan os tambores falantes, o tambor Batá e o tambor Sakara. Cada família compreende tambores de diferentes tamanhos, tendo como « mãe dos tambores » o (Iya Ilu) que desempenha o papel principal entre os demais. O tambor que dá apoio ao Gbedu é tocado por um percussionista que emprega tanto as mãos quanto as varetas para tocar.
Conta-se que o tambor de Gbedu foi trazido para a região de Lagos no século XVII por diplomatas Edo, simbolizando a hegemonia do Império do Benin. Entre os Iorubas, o tambor Gbedu significa realeza. O maior dos tambores Iorubas, era tocado apenas à serviço do rei. Em cerimônias como o ritual Isagun, o Oba pode dançar ao som da música desse tambor. Se alguém usasse esse tambor, seria preso por rebeldia.
Antigamente acreditava-se que o tambor grande e ornamentalmente esculpido possuía a proteção de um espírito, o do escravo que havia sido sacrificado quando o instrumento ficava pronto. Esse tambor é recoberto de entalhes que representam os animais, as aves e o falo. Durante as cerimônias em que se utilizava o tambor borrifava-se o sangue sacrificial sobre os entalhes juntamente com o vinho de palma, gemas de ovos e penas da galinha sacrificada. No corpo do Iya Ilu pode haver um entalhe com a imagem de Olokun, a deusa do mar, considerada o "sujeito do culto".
Conta-se que, durante os últimos dias do Império de Oyo, quando os fulas já haviam capturado Ilorin e se tornado senhores de Oyo, Sita, o rei de Ilorin pediu a Oluewu, o rei de Oyo para visitá-lo e prestar uma homenagem. Oluewu possuía o tambor Gbedu que tocou antes de sua viajem. Quando Sita perguntou sobre o tambor e ele avisou que esse instrumento só podia ser tocado diante de um rei, ficou irritado dizendo que só podia haver um rei, ele mesmo, e retirou o Gbedu da corte.
Há um velho provérbio Ioruba diz "a menos que o um bode seja morto, não se pode fazer o Gbedu com sua pele". A implicação é de que uma pessoa só será capaz de olhar para seus próprios interesses enquanto eles estão vivos. Outro provérbio diz que "a pele de um porco não pode ser usada para fazer um tambor Gbedu”, que significa que não é todo material que pode ser usado para qualquer finalidade. "Nenhum ladrão rouba um tambor Gbedu" é um aviso para não tentar o impossível.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Levante de Sabres Africanos

Ogum's Toques Negros


OGUM'S TOQUES - Levante de Saberes Africanos 

Ogum's Toques Negros



OGUM'S TOQUES NEGROS

Me perdoem a extensão desse texto apresentação. Tentei ser nano, mas não deu. Enfim, quando tiverem tempo, leiam. Parece valer a pena.

Muita gente me pediu, indicou, solicitou, orientou, aconselhou, empilhou, sugeriu que explorássemos outras mídias virtuais para divulgar não só meus trabalhos, mas, também, acompanhar, na medida do ‘impossível’, a Literatura Negra que vem sendo desenvolvida no Brasil e no mundo.

Entendi ser uma tarefa complicada, sobretudo diante da informação de que, aqui no Brasil, a maioria dos estudantes universitários dão o vergonhoso exemplo de ler menos de quatro livros por ano, segundo as mais recentes estatísticas. Logo, já entramos nessa história, perdendo.

Hesitação houve, até quando foi possível. Porém, a convicção de que podemos formar leitorxs nos espaços mais inusitados da vida serviu como bússola e leme ao mesmo tempo, afinal, minha experiência pessoal é um desses casos. Daí, vamos que vamos.

Acompanhe-nos.

Atualmente, o trabalho que desenvolvo com literatura Negra vem ocupando um espaço em meu perfil, se confundindo com as demais temáticas que abordamos, gerando em alguns momentos uma confusão gostosa, o que não deixa de derivar mais confusão boa de saborear, mas, ainda assim, confusão. (*sorriam)

Topei o desafio-proposta e aí estamos com novas mídias, ampliando nossas possibilidades. Segue a organização das publicações:

• A ferramenta da Ogum’ s Toques http://ogumstoques.wordpress.com/ ficará em permanente desenvolvimento, a fim de aprimorá-lo cada vez mais e já tem cinco postagens nada tímidas para um blog recém construído.

Obs.: Bom ressaltar que não se trata de um blog acadêmico, logo as publicações pessoais transcorrerão sem a rigidez ou rigor científicos necessários aquele contexto. Também não temos compromisso com nenhuma corrente literária que não seja a Literatura Negra.

1. Na categoria Egbomy & M'Pangi Literários (Escritores que Adoro) temos a luxuosa Mel Adún com seu ‘Quantas tantas’. Lá poderão encontrar um link para o site da UFMG, no qual outros textos da autora foram publicados.

2. Já em Cabaça Nossa (Livros Negros) daremos dicas, nada pretensiosas, sobre livros de autorxs Negrxs envolvidxs direta ou indiretamente com uma abordagem preta, sem os estigmas naturalizados pelos escritorxs brancxs, revelados nas descrições, papéis, enredos, perspectivas dentre outros elementos narrativos contidos em seus personagens Negros.

Detalhe: É importante lembrar que, quando menino, ‘Livro Negro’ era uma designação preconceituosa para o livro da capa preta proibido de São Cipriano, paradigmas de um país racista.

Enfim, o livro apontado essa semana é o Things Fall Apart do Chinua, e está no pequeno artigo-comentário Chinua Achebe: Leitura obrigatória, embora prazerosa ao extremo. ‘De quebra’ temos uma primeira parte do filme que foi roteirizado a partir do livro desse autor.

Sintam-se livres para enviarem suas sugestões de literatura Negra para o email ogumstoques@gmail.com. Incluiremos indiscriminadamente qualquer indicação, desde que devidamente assinada e com um mínimo de razões que a respalde.

3. No Pré-Sal Literário temos um material pancadeiro do pensador Ricardo Riso, sob o título Malangatana Valente – poemas. Deliciem-se e acompanhem seu blog. É primoroso e de fato um pré-sal literário.

4. Já no Assentamento Literário temos os nano-contos da Ogum’ s Toques Negros, alguns requentados outros inéditos. Aos sábados teremos de volta, para felicidade geral da nação Preta, as Poesias Pretas Sabáticas.

Enfim, é isso. Espero verdadeiramente que gostem. Comentem. Critiquem. Divulguem. Compartilhem. O desafio que temos pela frente, enquanto escritorxs Negrxs é gigantesco e quanto mais armas reunirmos nessa guerra, melhor. Ou seja, outras cantigas estão a caminho. Desejo muito que esse espaço propicie bons encontros, debates respeitosos e enriquecedores e tudo mais que merecermos e somos sabedores que merecemos o melhor dessa vida, ‘apesar de tanto não e tanta dor que nos invade (...)’.

P.S.: No twitter já estamos presentes diariamente com os nano-contos da Ogum’ Toques Negros, muitos já publicados em minha página virtual e tantos outros inéditos.
Descrição
Literatura Negra
Informação Geral
Literatura Negra

III Encontro Internacional de Literaturas História e Culturas Afrobrasileiras e Africanas



III ENCONTRO INTERNACIONAL DE LITERATURAS, HISTÓRIAS E CULTURA AFROBRASILEIRAS E AFRICANAS
 
O ÁFRICA BRASIL - III ENCONTRO INTERNACIONAL DE LITERATURAS, HISTÓRIAS E CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS E AFRICANAS: Narrativas e Identidades Culturais e o V COLÓQUIO DE LITERATURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA, organizados pelo NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS AFRO - NEPA e o MESTRADO EM LETRAS DA UESPI visam estabelecer intercâmbios dos saberes através da investigação científica e da interdisciplinaridade. O reconhecimento da História e valor da Cultura dos afro-brasileiros, afrodescendentes e africanos pelo próprio negro e o não negro desloca preconceitos e estereótipos elaborados ao longo de vários séculos de escravidão e desrespeito à humanidade dos povos e civilizações colonizadas pelo ocidente. O nosso objetivo é promover estudos, sob a ótica da pluralidade de experiências e saberes, da multiculturalidade, do respeito à diferença, possibilitando o debate e o conhecimentos de conteúdos disciplinares atualizados nas áreas de Literatura, História e Cultura Afro-brasileiras, Africanas, Indígenas (Leis 10.639/2003 e 11.645/2008) e Gênero. Com o propósito de disseminar o conhecimento, a leitura e a produção cultural/científica durante o Evento, realizaremos o II SALÃO DO LIVRO UNIVERSITÁRIO - SALIU através da participação de editoras Universitárias. Por se tratar de um evento de âmbito Internacional, o ÁFRICA BRASIL - III ENCONTRO INTERNACIONAL DE LITERATURAS, HISTÓRIAS E CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS E AFRICANAS cria novas perspectivas para o Mestrado em Letras da UESPI (Literatura, Memória e Cultura),  intercambiando o diálogo científico, pedagógico e cultural entre a comunidade acadêmica, professores e pesquisadores de diferentes regiões do Brasil, da África e da Diáspora. Ressaltamos ainda, que esta é a terceira edição do primeiro evento de caráter internacional da Universidade Estadual do Piauí.

INFORMAÇÕES:

III Encontro Internacional de Literaturas História e Culturas Afrobrasileiras e Africanas 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Cultura Yoruba

A CULTURA YORUBA E O BRASIL NO FESTIVAL DE ARTE NEGRA EM LAGOS, NA NIGÉRIA.

De 04 a 09 de Outubro de 2013 será realizado em Lagos, capital da Nigéria, o Festival de Arte Negra.

Festival de Arte Negra de Lagos, Nigéria


O SIMPÓSIO


CHAMADA para RESUMOS e TRABALHOS


Tema

O NEGRO NO MAR MEDITERRÂNEO: RUMO AO BRASIL e REGRESSO

04-06 de outubro, 2013       Freedom Park, Broad Street, Lagos


Temas propostos, mas não se limitam a:

Primeiros Contatos portugueses (modelo Civil, ou Cidade de Sangue?) * O Portugal e o Tráfico de Escravos * O Mercado de Escravos da África de Leste * A aventura do Portugal Colonial * Libertação e Ideologia nas Colônias * A revolta dos militares Portugueses e a Libertação dos Africanos * Raça e Cor no Brasil * do Nascimento e o Mito de Sociedade Sem Raça * o Movimento de Teatro Negro no Brasil * Deuses africanos no Brasil * Recuperação da História da Escravidão brasileira (escavações arqueológicas) * Percorrendo os continentes – a conexão Favela * Cantor senegalês de Tradição e Música de Fado * Poesia e Luta – dos Santos, Andrade, de Souza etc * A arquitetura Portuguesa / brasileira na África * Libertação e Cultura – Literatura da Arte na África Lusófona * África no Cinema Brasileiro * O Brasil e o Movimento de Cinema Nigeriano * Os “Jogos” em Guine-Bissau – Massacre e estupro em um Estádio de Esportes * O Segredo da Paz de Moçambique – Lições para um Continente

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Os estudiosos interessados são convidados a enviar seus trabalhos. Os resumos não devem exceder 250 palavras, e devem estar em Inglês, Português, ou Francês. Eles devem ser digitados em formato Word, em espaço duplo em fonte Times New Roman 12pt, e enviados por e-mail ou por correio. Deve constar o nome do autor, instituição de afiliação com endereço completo, endereço de e-mail do autor e número de telefone, e enviado para:


O colóquio, LBHF

Freedom Park

Broad Street, Lagos, Nigéria

Email: info@lagosblackheritagefestival.com
Fonte: http://institutoyoruba.nigeriabrazil.org/chamada-para-resumos-e-trabalhos/



Coral Agbára - Vozes da África