quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Afro & África: As Imagens que Postam uma História


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Tambores cerimoniais iorubanos - Nigéria 

Os tambores africanos podem ser usados tanto como instrumentos musicais quanto como objetos cerimoniais e no passado como meios de comunicação. Esses instrumentos abrangem desde os simples objetos do cotidiano, peças simples ou ornamentadas que sinalizam o status do proprietário, denotando poder e honrando os antepassados. O Gbedu que significa literalmente "grande tambor" é um instrumento de percussão tradicionalmente usado na música Ioruba cerimonial da Nigéria e do Benin. O Iya Ilu, tambor principal dentro do conjunto dos tambores Gbedu e empregado nos cerimoniais da realeza ou para os adivinhos. O corpo do tambor Iya Ilu tambor é considerado "sujeito do culto" recebendo frequentemente oferendas e sacrifícios. Os tambores cerimoniais dos Iorubas são entalhados com relevos profundos figurativos. O bocal é recoberto por pele de antílope empregando cordas e estacas para a afinação e podendo ser percutidos ora com as mãos ora com varetas.

Tradição – tambor cerimonial

O tambor Gbedu é usado tradicionalmente nas ocasiões oficiais ou durante as cerimônias Ogboni, a antiga sociedade secreta Ioruba. O Ogido/Gbedu é uma das quatro grandes famílias de tambores Iorubas; as outras famílias são Dundun/Gangan os tambores falantes, o tambor Batá e o tambor Sakara. Cada família compreende tambores de diferentes tamanhos, tendo como « mãe dos tambores » o (Iya Ilu) que desempenha o papel principal entre os demais. O tambor que dá apoio ao Gbedu é tocado por um percussionista que emprega tanto as mãos quanto as varetas para tocar.
Conta-se que o tambor de Gbedu foi trazido para a região de Lagos no século XVII por diplomatas Edo, simbolizando a hegemonia do Império do Benin. Entre os Iorubas, o tambor Gbedu significa realeza. O maior dos tambores Iorubas, era tocado apenas à serviço do rei. Em cerimônias como o ritual Isagun, o Oba pode dançar ao som da música desse tambor. Se alguém usasse esse tambor, seria preso por rebeldia.
Antigamente acreditava-se que o tambor grande e ornamentalmente esculpido possuía a proteção de um espírito, o do escravo que havia sido sacrificado quando o instrumento ficava pronto. Esse tambor é recoberto de entalhes que representam os animais, as aves e o falo. Durante as cerimônias em que se utilizava o tambor borrifava-se o sangue sacrificial sobre os entalhes juntamente com o vinho de palma, gemas de ovos e penas da galinha sacrificada. No corpo do Iya Ilu pode haver um entalhe com a imagem de Olokun, a deusa do mar, considerada o "sujeito do culto".
Conta-se que, durante os últimos dias do Império de Oyo, quando os fulas já haviam capturado Ilorin e se tornado senhores de Oyo, Sita, o rei de Ilorin pediu a Oluewu, o rei de Oyo para visitá-lo e prestar uma homenagem. Oluewu possuía o tambor Gbedu que tocou antes de sua viajem. Quando Sita perguntou sobre o tambor e ele avisou que esse instrumento só podia ser tocado diante de um rei, ficou irritado dizendo que só podia haver um rei, ele mesmo, e retirou o Gbedu da corte.
Há um velho provérbio Ioruba diz "a menos que o um bode seja morto, não se pode fazer o Gbedu com sua pele". A implicação é de que uma pessoa só será capaz de olhar para seus próprios interesses enquanto eles estão vivos. Outro provérbio diz que "a pele de um porco não pode ser usada para fazer um tambor Gbedu”, que significa que não é todo material que pode ser usado para qualquer finalidade. "Nenhum ladrão rouba um tambor Gbedu" é um aviso para não tentar o impossível.

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