sábado, 19 de outubro de 2013
Geledes Instituto da Mulher Negra
Racismo institucional faz da população negra principal vítima de homicídios
Categoria: Violência Racial
Publicado em Sexta, 18 Outubro de 2013
Segundo
estudo do Ipea, violência contra negros se expressa principalmente nas ações
das polícias; a cada três assassinatos, dois atingem pessoas desse grupo.
por Jorge Wamburg.
Brasília –
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre racismo no
Brasil, divulgado hoje (17), revela que a possibilidade de um adolescente negro
ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que um branco.
Segundo o
estudo, existe racismo institucional no país, expresso principalmente nas ações
da polícia, mas que reflete "o desvio comportamental presente em diversos
outros grupos, inclusive aqueles de origem dos seus membros".
Intitulado
Segurança Pública e Racismo Institucional, o estudo faz parte do Boletim de
Análise Político-Institucional do Ipea e foi elaborado por pesquisadores da
Diretoria de Estudos e Políticas do Estado das Instituições e da Democracia
(Diest). "Ser negro corresponde a uma população de risco: a cada três
assassinatos, dois são de negros", afirmam os pesquisadores Almir Oliveira
Júnior e Verônica Couto de Araújo Lima, autores do estudo.
Na
apresentação do trabalho, em entrevista coletiva na sede do Ipea em Brasília, o
diretor da Diest, Daniel Cerqueira, que, do Rio, participou do evento por meio
de videoconferência, apresentou outros dados que ratificam as conclusões da
pesquisa sobre o racismo institucional.
Segundo ele,
mais de 60 mil pessoas são assassinadas a cada ano no Brasil, e "há um
forte viés de cor/raça nessas mortes", pois "o negro é discriminado
duas vezes: pela condição social e pela cor da pele". Por isso, questionou
Cerqueira, "como falar em preservação dos direitos fundamentais e
democracia" diante desta situação?
Para
comprovar as afirmações, Cerqueira apresentou estatística demonstrando que as
maiores vítimas de homicídios no Brasil são homens jovens e negros, "numa
proporção 135% maior do que os não negros: enquanto a taxa de homicídios de
negros é de 36,5 por 100 mil habitantes. No caso de brancos, a relação é de
15,5 por 100 mil habitantes".
A cor negra
ou parda faz aumentar em cerca de 8 pontos percentuais a probabilidade de um
indivíduo ser vítima de homicídio, indicam os dados apresentados pelo diretor
do Diest. Isso tem como consequência, segundo Daniel Cerqueira, uma perda de
expectativa de vida devido à violência letal 114% maior para negros, em relação
aos homicídios: "Enquanto o homem negro perde 1,73 ano de expectativa de vida
(20 meses e meio) ao nascer, a perda do branco é de 0,71 ano, o que equivale a
oito meses e meio."
Para o
pesquisador Almir de Oliveira Júnior, como dever constitucional, o Estado
deveria fornecer aos cidadãos, independentemente de sexo, idade, classe social
ou raça, uma ampla estrutura de proteção contra a possibilidade de virem a se
tornar vítimas de violência. "Contudo, a segurança pública é uma das
esferas da ação estatal em que a seletividade racial se torna mais
patente", disse Oliveira Júnior.
De acordo
com as estatísticas sobre a violência em que o estudo se baseou, esse é um dos
fatores que explicam por que, a cada ano, "uma maior proporção de jovens,
cada vez mais jovens, é assassinada", acrescentou o pesquisador. Segundo
ele, enquanto nos anos 80 do século passado, a média de idade das vítimas era
26 anos, hoje não passa de 20.
Assista à
reportagem da TVT sobre a violência contra jovens negros nas periferias.
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Bumba-Meu-Boi
Bumba-meu-Boi de Cururupu - Sotaque Costa de Mão!
O NOSSO
TEATRO É AFRICANO: INTRODUÇÃO AO TEATRO BRASILEIRO
Henrique Cunha Júnior - Maria Cecília Félix Calaça - Wellington Pará
RESUMO: As
Africanidades e Afrodescendências brasileiras ainda não foram perfeitamente
estudadas e nem mesmo compreendidas pelo processo de formação acadêmica
brasileira. Em muitos setores do conhecimento continuamos trabalhando as
tradições gregas como fundamento e as portuguesas com fonte da cultura
brasileira sem observar a importância cultural e a longevidade histórica da
matriz africana. As culturas africanas se desenvolvem e fundam tradições
civilizatórias culturais pelo menos 3000 anos antes das realizações gregas.
Sendo também que muito dos campos culturais visto no Brasil como de cultura
portuguesa sendo esta possuem antecedentes históricos no continente africano e
muitas vezes aparecem na península ibérica devido as presença de africanos
vindos das regiões da Mauritânia e Mali e considerados de forma genérica como
mouros. Mesmo os marcos e signos do cristianismo são sempre associados a
Portugal omitindo a existência de cristianismos antigos e ortodoxos no
continente africano, como também a conversão de reinos africanos e cristãos antes
da colonização portuguesa no Brasil. Havendo cultura crista na bagagem dos
africanos escravizados no Brasil por esta caminho. Todas as sociedades, em
todas as épocas históricas, desenvolveram as suas formas de teatro, sendo assim
a diversidade do teatro de cultura africana é grande e chega ao Brasil de
diversas formas. O nosso argumento de partida para o teatro brasileiro são as
máscaras religiosas africanas e os cortejos africanos. Os cortejos africanos
que dão origem aos catolicismos de preto como as: congadas e reisados. Formas
teatrais de atuação,
como também resultam nos cortejos carnavalescos na sociedade brasileira. O
nosso teatro é africano é uma introdução às formas teatrais dos teatros de
marionetes, bumba-meu-boi, e atos cênicos das religiões de matriz africana.
Fazem parte de pesquisas sobre a transmissão da unidade cultural africana na
sociedade brasileira e da formação de professores em face da lei 10.639/2003.
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